A crise no jornalismo vai além do financeiro, mas também na sua credibilidade. 

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A Folha de São Paulo manteve a matéria sobre a ex-esposa do candidato à presidência Jair Bolsonaro, dizendo que o Itamaraty confirmou a suposta ameaça de morte recebida por sua ex-esposa. O Itamaraty está contra ou a favor do candidato? Em quem acreditar em um momento em que qualquer palavra pode ser deturpada para ser usada com um propósito partidário?
  
No jornalismo eu aprendi que quando citamos o nome de alguém, temos que, antes, pegar a opinião da pessoa citada, averiguar, e depois disso publicar. Não é cabível citar nome de pessoas sem antes consultar as partes. Isso é uma regra e quase uma lei no jornalismo. 
 
Imagine uma matéria que diz que você supostamente delatou algo. No entanto, você, o alegado delator, a desmente! É igual você fazer um BO e depois retirar a queixa. Não tem credibilidade. Se o X da questão era ela acusar o candidato de algo, referente à sua ex esposa, e a própria responde dizendo que ele não cometeu nenhuma das acusações alegadas pelo jornal, isso arranha a imagem e a credibilidade do referido veículo. Isso é ou não uma falha grave?

Reafirmo que eu não estou a favor de nenhum candidato, mas estou apenas a favor da verdade, do respeito e da credibilidade. Não é fácil para mim, que circulo em outros países, ter que ficar ouvindo dos estrangeiros que o Brasil é uma piada. Estou realmente cansado de nos verem como um bando de ignorantes, desonestos e mal educados. Recuso-me a acreditar que além de todos os escândalos de corrupção que mancham nossa reputação mundo afora, ainda vamos agregar a esse currículo ruim mais um problema: a falta de credibilidade da nossa imprensa.

Alguns jornalistas ao tentar prejudicar candidatos, visando cumprir suas próprias agendas ideológicas, estão na verdade prejudicando não só a própria instituição, mas também o jornalismo brasileiro, que já não anda lá muito bem, principalmente devido a crise.

Quando na história da vida, nós jornalistas ganhamos bem ou fomos de fato valorizados? Com tantos partidos que por aqui passaram, quem nos valorizou? Tenho jornais em Portugal e estou levando brasileiros para trabalhar lá, já que sai mais barato eu manter o salário do jornalista daqui e bancar suas vidas lá que pagar um jornalista em Portugal, pois lá eles ganham bem, são reconhecidos. 

Sou um pesquisador político, filósofo, assessor de imprensa e jornalista sem posição partidária. Não voto no Brasil, voto em Portugal. Preferi me manter neutro para que minhas pesquisas não fossem influenciadas por posições políticas e ter uma serenidade e racionalidade de entender bem cada um dos candidatos e da política nacional. Mas é perceptível a falta de imparcialidade e a posição partidária de alguns portais nesse país.

Temo, que com essa falta de imparcialidade, o jornalismo brasileiro perca sua credibilidade. Não podemos negar que essas eleições já dividiram o povo, e que as fake news ou notícias que não passaram por um mínimo de verificação antes de serem publicadas já atiçaram o ódio  e repulsa de muitos por alguns veículos de imprensa. Para verificar essa informação na prática, basta ir na rede social, e ouvir as pessoas. Eu também tenho uma empresa de mídia social, e tenho todo mecanismo de pesquisa para avaliar resultados e estatísticas referentes as redes sociais, e mais do que nunca, é fácil verificar que por lá a imprensa brasileira nunca foi tão 'detonada' como está sendo agora.

Eu como jornalista peço para que isso não prejudique a nós, jornalistas. Antes, ser jornalista era sinônimo de ser respeitado, de ser considerado inteligente, formador de opinião, ter um posicionamento na sociedade, e orgulhar-se do seu diploma e(ou) do registro. Que não sejamos vistos com a mesma ótica que a população enxerga aos políticos, como sujos e vendidos. 

Apesar de todo o meu respeito à esse jornal, que sempre admirei, acredito que uma empresa não pode pagar tão severamente por atos de funcionários. Acredito que a instituição vai chamar esses jornalistas que estão criando meios para se posicionar partidariamente e pedir para que voltem a fazer jornalismo. As pessoas são perceptivas e tudo isso está resultando em um efeito contrário ao desejado. Sou a favor da volta e do resgate da credibilidade e imparcialidade no jornalismo brasileiro.

A crise no jornalismo vai além do financeiro, mas também na sua credibilidade.