A ilha de Jeffrey Epstein: O que a ciência diz sobre a pedofilia?

Essa disfunção é influenciada por diversos fatores, quanto melhor eles forem compreendidos, mais fácil é identificar pessoas com essa tendências, afirma o Pós PhD em neurociências e especialista em genômica, Dr. Fabiano de Abreu Agrela
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17/02/2024

Com a recente divulgação pública de documentos judiciais relacionados ao bilionário americano Jeffrey Epstein (1953 - 2019) e sua misteriosa ilha privada de 283 mil metros quadrados, a Little St. James, onde havia acusações de tráfico sexual de menores envolvendo grandes nomes mundiais.

Conforme alegações contra Epstein, a propriedade do bilionário era supostamente o epicentro de uma rede global de tráfico sexual. Os residentes, de fato, referiam-se ao local como a "ilha do pedófilo".

Jeffrey Epstein foi preso em julho de 2019 sob as acusações de tráfico sexual, tendo falecido em 10 de agosto do mesmo ano.

O cérebro de um pedófilo

De acordo com o Pós PhD em neurociências e especialista em genômica, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, autor do modelo científico “Prevendo um pedófilo - É possível determinar biomarcadores do transtorno?”, publicado no CPAH - Centro de Pesquisa e Análises Heráclito - o cérebro de uma pessoa pedófila possui algumas alterações que influenciam na disfunção.

O cérebro tem um papel central na formação dos desejos sexuais humanos, afetando as nuances desse processo, mas existem algumas regiões e disfunções relacionadas à disfunção da pedofilia, por exemplo, existe um sistema de nutrição hiperativo cerebral que pode inflluenciar a atração sexual por menores ao estimular regiões do cérebro como a ínsula anterior, áreas pré-frontais dorsolaterais e o córtex motor suplementar”.

Aspectos psicológicos, transtornos psiquiátricos comórbidos  e até mesmo lesões cerebrais podem desencadear comportamentos de hipersexualidade, alterações nas preferências sexuais e/ou pedofilia, tendo também fatores genéticos como possíveis biomarcadores do transtorno”, ressalta Dr. Fabiano.

É possível “prever um pedófilo”?

A falta de biomarcadores da pedofilia dificulta identificar precocemente pessoas com propensão a esse comportamento, destaca Dr. Fabiano de Abreu.

Atualmente já se conhecem diversos aspectos dos transtornos que formam a pedofilia e de possíveis biomarcadores usados para o diagnóstico, como aspectos genéticos ou através de exames de imagem, mas são necessários mais estudos, por isso, os diagnósticos atuais baseiam-se em análises psicológicas e clínicas”.

“A pré disposição genética é sempre um fator a ser levado em consideração pelas probabilidades, assim como o uso da neuroimagem relacionado a probabilidade que, acompanhados de análises psicológicas podem chegar a um diagnóstico”, reforça.